terça-feira, 23 de abril de 2013



A JUREMA SAGRADA

Muito tem se pesquisado com surgiu a Jurema, o que é o culto da jurema, alguns livros que versam sobre o assunto sempre repete as mesmas fontes que para o novo juremeiro não explicam muito, não dirime suas duvidas, não desmerecendo todo trabalho já feito por esses grandes e renomados escritores e nem querendo parecer a dona da verdade, quero falar da nossa jurema, do nosso dia a dia, da vivencia de 48 anos no culto da jurema.
Para se chegar à jurema atual, devemos nos reportar ao tempo do Catimbó, sim o catimbó essa palavra tão sofrida, desvirtuada e caluniada, já foi tomada como a pratica do mal, mas o catimbó é o culto da jurema, é o verdadeiro culto da jurema.
No catimbó se faz o bem, através das curas, da orientação para solucionar problemas pessoais, sentimentais, abertura de caminhos e o uso darem ervas para curar.
Toda força dos trabalhos está na fumaça, nas ervas, sento o fumo preparado especialmente, no catimbó não se arria trabalhos no chão, sua magia vai pelo ar, no tempo. O catimbó cultua ervas, símbolos e santos católicos, mas se tivermos de caracterizar qual é o principal objeto do culto, não há sombra de duvida que seja as ervas. O cachimbo tem como principal elemento a arvore da Jurema e do Angico.
Com a perseguição aos catimbozeiros de 1920 a 1959 e devido a arvore sagrada, começou a ser usado o nome de Jurema á pratica do Catimbó.

A JUREMA

Arvore tipicamente paraibana, a jurema é venerada quase como uma divindade, frondosa e de beleza impressionante, vive mais de 200 anos, é espinheira e sua fama corre o Brasil e o mundo.
A crença indígena conta que possui poderes milagrosos, emanando fluidos benéficos, em sua parte externa existe uma camada de logo ou musgo empregada em defumação, para o banho de limpeza. Da casca, flor e folhas são extraídas emulsão para o preparo de bebidas, banhos aromáticos para fortalecer os mestres e quando somada a outras ervas fortes para afastar entidades maléficas.
O culto da jurema é uma tradição proveniente dos índios Tabajaras. Para ser um juremeiro é preciso ser iniciado numa ritualística de mais de mil anos, começando como discípulo, tirador de jurema, preparador de junca, firmador de toadas, e ponta ou flor de mesa, e finalmente a consagração na mesa da jurema. O ritual é feito com maracá, cachimbo, sineta e gaita ou similar. A bebida oficial é o vinho da jurema que apesar de deixar levemente e por um lapso de tempo tonto o praticante, não leva qualquer substancia alcoólica como erradamente pensam.
Os cachimbos são feitos de raiz de jurema, tem dia certo para ser arrancada e não é qualquer uma que serve.
O preparo do vinho da jurema requer todo um ritual e dia e hora certa para preparar, e cada mestre guia tem seu vinho, pois sabemos doa elementos comuns a todos, mas na hora do preparo é que se colocam as ervas de fundamento de mestre regente da casa.
Atualmente já podemos comprar os cachimbos em casas especificas e preparar-lo em chegar em casa, ou fazer o seu de coquinho babaçu para uso diário se já tem mais de 7 anos de juremado. Ao comprar o cachimbo esse passa por um ritual especifico para o preparo de sua função, visto que foi manuseado por outras mãos. O maior poder do ritual esta na fumaça do cachimbo.
Dois grupos indígenas praticavam este ritual; os jês (tapuias) e os Kariris. Os detalhes dessas cerimônias ficaram perdidos, pois nenhum historiador ou escritor se preocupou em escrever-las.
Existem dois tipos de jurema, a jurema branca que tem suas sementes pretas e a jurema preta que tem suas sementes brancas.


A cidade da Jurema

A Cidade Sagrada é constituída apenas de túmulos dos mestres juremeiros, envolvidos por centenas de pés de jurema. Alhandra é o pais da jurema, o berço de Zé Pelintra, "santo" desse reino estranho e seu mais destacado protetor. Segundo o mestre Carlos Leal, Zé Pelintra foi muito perseguido e era fichado na policia como catimbozeiro. Com Maria do Acais morta em 1937 e mestres Casteliano falecido em 1923, tomava ele sempre as providencias possíveis para escapar á ação policial.

Alhandra era um território de misticismo e magia. Jurema. A perseguição de policiais sob os "mestres da jurema”.
Conta-se que quando morriam não tinham o direito de serem enterrados no cemitério local, sendo sepultados em lugares afastados, onde se plantava um pé de jurema para marcar o local do sepultamento. Nesses mesmos locais eram também sepultados todos aqueles seguidores do mestre da jurema, colaborando no surgimento das chamadas “Cidades da Jurema", como:
Cidade de Manoel Cadete, Cidade de Rosalina, Cidade de Maria do Acais, Cidade do Mestre Adauto, Cidade do Rei Heron, Cidade dos Encantos (tambaba) e Cidade de Águas Claras.
Todo juremeiro sabe que são 07 cidades encantadas e 12 reinos encantados na jurema, sendo eles:
1º Reino do Juremá ... 2º Reino do Vajucá ... 3º Reino Tanema ... 4º Reino Angico ... 5º Reino do Tigre ... 6º Reino do Bom Florar ... 7º Reino de Urubá ...8º Reino das 7 Covas de Salomão ...9º Reino do Rio Verde ... 10º Reino do Acais ...11º Reino de Canindé ...12º Reino de Tronos.
Cada um desses reinos tem localização especifica, que nós juremeiros devemos procurar preservar pois é a nossa ciência, nossa cultura religiosa.

A jurema, arvore centenária, tipicamente nordestina, cresceu de tal forma como cresceu o seu culto, reunindo a maior parte de adeptos do espiritismo na Paraíba.Para nós juremeiros é importante uma campanha de divulgação ao grande publico porque " muitas pessoas inescrupulosas, se dizem conhecedoras do ritual e através de publicações, ensinam normas erradas e ervas perigosas que podem causar a morte aos curiosos. Um egum mal controlado é altamente perigoso, nenhum livro que tenha versado até hoje sobre o assunto é reconhecido como oficial, pois um ritual profundo e misterioso no pode ser ensinado em livros e sim através de iniciação por um mestre que tenha suas raízes no Acais ou Alhandra.

" Ó jurema encantada que nasceu do frio chão
dá-me formas e ciência, como deste a Salomão
dizem que a jurema amarga,
para mim não há licor, a jurema com seus frutos
sempre nos alimentou."

A Jurema é uma reunião alegre e festiva quando em sua forma de roda (ou gira), mas, pela falta da
corrente doutrinaria formal vários formatos serão encontrados, dependendo da “ciência”, vidência,
maturidade e ética de quem o dirige e realiza, podendo ser práticas bem especificas.

É em Alhandra município a 26 quilômetros ao sul de João Pessoa, onde se ergue a Cidade Sagrada da Jurema. Foi lá que nasceu em 1813 José de Aguiar, o” Zé Pelintra” que ao morrer com 114 anos de idade se tornaria a entidade espírita mais discutida nos terreiros Umbandistas do Brasil, pelo seu linguajar pornográfico e paixão pelo marafo.
No cemitério da Cidade Sagrada estão sepultados 42 mestres famosos entre os quais além de “Zé Pelintra” Maria do Acais, Tertuliano, Jose Vicente mais conhecido como Malunguinho, Manoel “Maior do Pé da Serra”, mestre Carlos, Zezinho do Acais, Coqueiral, Cadete, Cangaruçu, Tambaba e outros. A Cidade Sagrada surgiu num sitio em Alhandra. Cada mestre que morria tinha uma semente de jurema plantada em sua sepultura, servia como identificação para os juremeiros.
Alhandra é o país da Jurema, é o berço de Zé Pelintra, “santo” desse reino estranho e seu mais destacado protetor. Zé Pelintra foi muito perseguido e era fichado na policia como catimbozeiro. Com Maria do Acais Morta em 1937 o mestre Casteliano falecido em 1923 Zé Pelintra tomava sempre as providencias possíveis para escapar a ação policial.
Nesse estranho mundo que é Alhandra, seu chão é coberto por pés de Jurema, os antigos contam que o nome de Alhandra é quase místico, se originam de antigos feiticeiros índios. Crê-se também que a jurema foi à primeira arvore que Deus plantou quando criou o mundo. A arvore causa arrepios nos mais crédulos e estrapadas violentas nos incautos, esta ameaçada pelo progresso que os juremeiros designam de outro modo, lutando pela sua preservação.

A Jurema e minha madrinha Jesus e meu protetor. (bis).
A jurema e um pau sagrado onde Jesus orou. (bis).
Eu vou pedi ao meu mestre pra me ensinar a trabalhar. (bis).
E com a força do Jurema do Angico e do vajuca. (bis).
A Jurema arreia, arreia e dá (bis).
A Jurema tomba mais não cai.

4 comentários:

  1. Amém salve a nosso senho Jesus Cristo salve a jurema sagra e seus encatados

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  2. Boa noite, Joana tudo bem? Sou estudante da UFPB do curso de Ciências das Religiões e gostaria de entrar em contato com você para alguns esclarecimentos, a respeito da religiao da Jurema Sagrada, pode ser?

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  3. boa noite, me chamo Sônia Maria e gostaria de saber se vc tem como nos dar mais informações sobre Mestre Carlos. Obrigada

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  4. E Salve a Jurema Sagrada, minha madrinha, Jurema de força,Jurema da natureza que nos ensina, basta apenas prestar a atenção nela que aprendemos. Eliane Lu.

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